Para começo de conversa é importante entendermos que Deus chama pessoas diferentes, em circunstâncias diferentes, em idades diferentes para o serviço vocacional (1 Co 12.4-6,11). Chamou o Profeta Jeremias no ventre da mãe (Jr 1.5); chamou o Profeta Isaías num momento de crise nacional (Is 6); chamou o Apóstolo Pedro depois de casado; chamou Paulo quando este perseguia a igreja (At 22.3-16).
Como se percebe, não há um padrão exato para nosso chamado vocacional. Todavia, é importante que, desde cedo, saibamos identificar elementos e detalhes que realçam uma vocação, um chamado específico.
Muitos têm uma compreensão errada do que seja vocação e chamado. John Jowett, em seu livro “O pregador, sua vida e sua obra”, diz que “vocação é quando você tem todas as outras portas abertas [escancaradas], mas você só anseia entrar pela porta de um ministério específico”. É como se houvesse algemas invisíveis que o prendesse àquela realidade e missão específica.
De acordo com o Pr. Hernandes Dias Lopes “o vocacionado não é um voluntário, mas um chamado/convocado. O seu ministério não é procurado, é recebido. Sua vocação não é terrena, é celestial. Sua motivação não está em vantagens humanas, mas em cumprir o propósito divino”.
Outra compreensão importante é a de que podemos (e devemos) frutificar onde Deus nos plantou. O local onde fomos plantados por Deus é o local onde ele quer que frutifiquemos. Caso Ele queira que frutifiquemos em outro local, ele mesmo providenciará essa mudança.
Além disso, é importante destacar que o cristão sabe que tem uma vocação quando existe uma necessidade do/no mundo a respeito da qual se sente responsável. Pode ser um grupo social, um povo, uma instituição, uma causa, enfim, algo pelo que se sente impelido ou impelida a fazer alguma coisa.
Nossa denominação sempre teve histórias vocacionais inspiradoras. Uma delas, mais recente, foi a da saudosa Missionária Margarida Lemos Gonçalves. Capixaba de nascimento, no comecinho da juventude afirmava ter recebido um chamado divino para dedicar sua vida integralmente aos campos missionários transculturais. Dito e feito: dedicou mais de 60 anos para evangelização e edificação do Norte do Brasil, especialmente o Estado do Tocantins. A missionária Margarida gastou sua vida a fim de que, por meio deste sacrifício, outros pudessem conhecer a Jesus Cristo. Que legado espetacular!
Esqueça a ideia (equivocada) de que apenas pastores e missionários transculturais são vocacionados. Eles também são, mas não apenas eles. De acordo a Bíblia, TODOS nós somos vocacionados, e as possibilidades de vocações são inúmeras. Ou seja, engenheiros, médicos, advogados, professores, faxineiros, jardineiros, administradores, pastores, cantores, instrumentista, compositores, agricultores e um sem-número de outras pessoas podem ser capacitadas por Deus, com dons e talentos específicos, para servi-lo mundo afora.
O mundo sempre ficará surpreso diante do impacto causado pela vida de homens e mulheres que colocam inteiramente nas mãos de Deus.
Que o nosso Deus nos dê discernimento, sabedoria e sensibilidade para entendermos e colocarmos em prática a vocação e o chamado que Ele tem para cada um de nós.
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Pr. Francisco Helder Sousa Cardoso
Pastor Titular da Primeira Igreja Batista de Brazlândia-DF,
bacharel em Teologia (FATEBE, Belém-Pará),
membro da Assessoria Jurídica da CBPC, advogado.