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Entrevistamos o Pr. Larry Cox, Diretor da Lifeshape Internacional. Veja na íntegra

O Pr. Larry Cox é um missionário ativo. Ele foi vice-presidente da junta de Richmond, nossa junta de missões mundiais nos EUA; e atualmente ele é um dos Diretores mundiais da Lifeshape, uma organização que busca influenciar as comunidades encorajando a fé e a amizade nos líderes da próxima geração. Confira a entrevista na íntegra.

 

Pr. Robério: Atualmente, qual é o maior desafio do líder cristão quando ele acorda todos os dias?

Pr. Larry Cox: Os desafios de liderança são muito reais nos dias de hoje. Acredito que os maiores desafios do líder hoje são a integridade e o caráter. Satanás está ao nosso redor todos os dias. E particularmente, quando alguém é um líder de sucesso, especialmente um líder cristão que está impactando a vida das pessoas, Satanás quer se envolver. Então, viver uma vida pura e santa perante Deus é um grande desafio para o líder hoje. Ele precisa, dia após dia, pedir a Deus que guie seus passos para que se possa preservar essa vida pura e santa para não cair em pecado, porque é isso que Deus quer de nós. Esse é o maior desafio do líder hoje.

Pr. R: Quando olhamos para esse mundo, e pensamos em plantar Igrejas e desenvolver líderes, qual o papel do Pastor e da Igreja Local nisso? E qual a sua importância para que a Igreja reproduza?

Pr. L: O maior desafio que vimos nisso… Eu estava em Beijing a duas semanas atrás, e realmente falamos desse assunto, eles estavam preocupados com um grupo de cinquenta missionários plantadores de Igrejas ao redor do mundo. A grande missão da Igreja em qualquer lugar do Globo é treinar aqueles que começarão novas Igrejas. Deus enviou pessoas para plantarem igrejas, e nós não temos treinado gente para fazer o mesmo, e isso é um problema. O que está faltando na Igreja hoje é um bom treinamento discipulador. As vezes eu penso que nós acreditamos que isso é como enviar crianças para a Igreja. Como pais, nós procuramos escolas cristãs, acampamentos, e achamos que a partir daí já cumprimos com a nossa “obrigação institucional” de ensino bíblico, e isso está muito errado. Eu acredito que Deus irá perguntar o seguinte para cada um dos pais: “Por que você não ensinou a Bíblia dentro da sua própria casa?”; “Por que você não orou na sua casa?”; “Por que você não leu a Bíblia na sua casa?”, pois isso é um ciclo vicioso das pessoas andando longe de Deus. Nós não estamos trazendo as nossas crianças de casa da maneira certa, porque estamos dependendo demais da Igreja, ela é apenas um instituição para apoiar o que fazemos, e devemos cumprir com todas as nossas obrigações como pais dentro de casa.

Pr. R: É como se algumas vezes nós esperássemos integralmente pela responsabilidade da instituição?

Pr. L: Exatamente, isso é uma desculpa para dizer “Não, isso é o seu trabalho pastor.”.

Pr. R: Tipo, “vamos para a Igreja e nossos problemas estão resolvidos”

Pr. L: Sim.

Pr. R: Eu acredito que é assim: “Se você tem problemas em fazer discípulos, naturalmente, terá problemas em plantar Igrejas.”.

Pr. L: Exato, o mesmo problema que tivemos plantando Igrejas é o mesmo problema que tivemos fazendo discípulos, porque aqueles que plantam Igrejas são aqueles que são discipulados. Eles sabem, na teoria, como começar uma Igreja, mas seus fundamentos são fracos. Acabamos por dar asas para eles irem e plantarem suas Igrejas antes mesmo de darmos boas bases. O filhote de águia não voa para fora do ninho até que realmente esteja pronto e preparado. A mãe tem que ensinar e dar bons fundamentos dentro do ninho. É verdade que a Bíblia diz para subirmos como águias, e queremos isso. Mas, é necessário estabelecermos uma base adequada. Esse é nosso trabalho, é nossa responsabilidade.

Pr. R: Então o discipulado é o melhor caminho?

Pr. L: Discipulado, ensino da Palavra, e mentoria.

Pr. R: Tudo isso junto?

Pr. L: Sim, não devemos enviar um plantador de Igrejas sem que alguém o acompanhe para ajudar. São muitas as vezes em que enviamos as pessoas sem o suporte necessário. Não estou falando apenas do suporte financeiro, estou falando da ajuda, treinamento, e orientação que eles precisam para começarem uma Igreja.

Pr. R: Por que há tantos Pastores desistindo de seus ministérios? Pastores enfermos? Com problemas psicológicos? Do seu ponto de vista, qual é o motivo?

Pr. L: Vou voltar para a primeira coisa que eu disse, que é sobre viver uma vida pura e santa. Eu acredito que muitas pessoas dentro de um ministério hoje, pastores e profissionais vocacionados que trabalham na Igreja, estão permitindo que Satanás entre em suas vidas. Quando damos um centímetro de brecha sequer, o Diabo entra e assume o controle completamente. Então, eu creio que nós somos chamados para levar o Evangelho às pessoas e levá-las até Jesus. Ele sempre teve compaixão do povo, e nunca disse para ele simplesmente se submeter a um líder. As pessoas devem se submeter a um líder que anda com Deus, que é um exemplo de pessoa que ama a Jesus dia após dia. Por isso, temos uma grande responsabilidade de mostrar isso para as pessoas que lideramos. Nossa responsabilidade como líderes, é maior. Precisamos investir mais tempo lendo a Bíblia, orando, jejuando, pedindo que Deus esteja nos guiando todos os dias. Então eu acredito que os grande parte dos problemas que os pastores estão enfrentando agora, sejam quais forem, é porque suas vidas não estão sendo aquelas que andam em pureza e santidade perante Deus.

Pr. R: O que você pensa quando falamos da relevância da Igreja Local se falarmos das grandes Igrejas às pequenas Igrejas, e até pequenos grupos quanto a nossa influência na sociedade? O que você pensa ser a melhor estratégia para esse mundo?

Pr. L: Existia a antiga cidade de Corinto, na Grécia, onde sabemos das dificuldades que a Igreja enfrentava na época, porque havia muito paganismo entrando em suas vidas. Acredito o que enfrentamos hoje é parecido com os problemas que as Igrejas de Corinto tinham que lidar quando Paulo e seus seguidores estavam pregando o Evangelho ali. Eu creio que hoje seja mais difícil por causa da tecnologia, porque não precisamos mais esperar para algo acontecer, é tudo instantâneo, o que complica as coisas para nós. Isso porque podemos estar perdendo pessoas para um Programa de Televisão. Acho que os maiores problemas que temos hoje são os Falsos Profetas. Existem pessoas, acredito que em lugares como a África, América Latina e o Brasil, que se intitulam Profetas afirmando ter tido uma Visão de Deus, e com isso, elas tem  arrastado muitos seguidores, mas são Falsos Profetas. Acredito que o “Evangelho da Prosperidade, da Saúde, da Riqueza” também fazem parte disso. Isso não está certo. Isso não está ensinando Jesus, está ensinando outra coisa.

Então, que estratégia usamos de forma diferente? Acredito que a Bíblia nos dá uma estratégia muito boa em uma passagem que está no Novo Testamento, a que diz que devemos ser “astutos como serpentes, e simples como pombas” (Mateus 10: 16). Em muitos lugares hoje, o Evangelho não é bem-vindo, e temos que usar o que chamamos hoje de Ministérios de Acesso Criativo para entrar e trabalhar lá, mas para fazermos isso nós precisamos agregar valor a cultura local, porque se não fizermos isso não estaremos sendo verdadeiros com Deus, por sermos algo que não somos. Se dissermos que vamos fazer algo, então devemos ser treinados naquele campo e naquela profissão na medida em que trabalhamos. Essa é uma estratégia que usamos em outros países além do Brasil. Somos gratos a Deus pelo Brasil ainda ser aberto ao Evangelho, e que ainda podemos anunciá-lo.

No que diz respeito a estratégias, eu conversei com várias pessoas ao redor do mundo, e eu havia preparado algumas estratégias para elas. E o que me perguntaram foi: “Podemos te mostrar qual a primeira estratégia que estamos usando?”. Depois, o que cada um me disse, mais de uma vez, é que eles se sentam e cantam algumas canções, mesmo dentro de uma cultura em que só há muçulmanos, onde quase não tem cristãos. Então eles começam a cantar, depois lêem a Bíblia, aí pedem para uma das pessoas irem com elas para outra vila. Aí quando eu perguntei de onde vinham as músicas que eles cantavam, eles responderam: “Nós cantamos as músicas da Escritura.”, então eu perguntei “Como vocês conseguem?”, eles disseram “Atos nos ensina a fazer isso”.

Eles me ensinaram muito naquele dia, que podemos usar estratégias diferentes para a cidade ou para o campo, mas deve ser baseada na forma como Deus deixou para nós em Atos, porque a Igreja do Novo Testamento se espalhou por toda parte, inclusive até o Norte da África, onde hoje 100% das pessoas são cristãs. O problema é que, atualmente, as pessoas do Norte da África se tornaram fechadas. E esse é um problema que vimos nas nossas igrejas nos EUA, Brasil, Europa Ocidental, elas começaram a se fechar para o mundo ao invés de olhar para fora. Então, plantar igrejas é uma estratégia que faz parte do novo testamento. Nós não paramos quando já temos um grande templo, nós plantamos uma igreja para continuarmos a plantar cada vez mais. É quando olhamos para fora que prosperamos e Deus nos abençoa.

A partir do momento começamos a construir o nosso próprio reino e nossa própria igreja, começamos a cair, e a História prova isso. Olhe para o que aconteceu no Norte da África, Europa e verá. Portanto, as estratégias hoje devem continuar as mesmas das do livro de Atos, que são o Discipulado e Plantação de Igrejas.

Pr. R: Sendo sal e luz do mundo.

Pr. L: Sim

Pr. R: Na história da Igreja Brasileira, nós temos uma grande gratidão, porque temos o legado que vocês missionários estrangeiros deixaram quando pregaram o Evangelho para nós. Qual a visão que você tem da Igreja Brasileira hoje? É um bebê? Criança? Adolescente? Ou um Adulto forte? Qual a sua opinião quando você olha para a Igreja Brasileira hoje?

Pr. L: Eu cresci em uma Fazenda, e em meus primeiros doze anos como missionário foi como um plantador de igrejas em uma comunidade agrícola na África Ocidental. E quando eu olho para Jesus, vejo que ele deu muitos exemplos de agricultura e agricultores em suas parábolas, e isso faz com que eu queira fazer o mesmo. Vou te dar um exemplo, me desculpe a expressão, mas acredito que as igrejas brasileiras são adultas, não são adolescentes e nem crianças. Visitei muitas igrejas do Acre ao Rio, e vi igrejas fortes e vibrantes em todo o lugar, mas vamos voltar para a analogia.

Existem dois tipos de igrejas: As Igrejas Cavalo, e as Igrejas Mulas. Eu preciso explicar. Me acompanhe. O Cavalo reproduz, a Mula não. Então existem Igrejas que reproduzem, e tem Igrejas que não. A questão é: Você é uma Igreja Cavalo, ou Mula?

Pr. R: Ótimo. Como missionário americano, como você se sente, olhando para a Igreja Brasileira mais uma vez? O que você sente no coração?

Pr. L: Eu não choro desde quinze minutos atrás. Eu estava em uma reunião com os líderes da Lifeshape, e um deles estava compartilhando comigo sobre o que Deus estava fazendo com ele e o legado que está levando para os dois filhos. Eu fiquei  muito emocionado ao ver o que Deus estava fazendo. Eu amo os brasileiros. Eu gosto de abraçar, eles gostam de abraçar, acho que eu seria um bom brasileiro. Gosto de ver o quanto eles são expressivos, alguns são um pouco agressivos, mas eu gosto disso. Na minha história missionária, nós enviamos brasileiros para o mundo muçulmano, nós vínhamos para o Brasil para recrutar nas Convenções Batistas.

Pr. R: Isso é como um renovo para você?

Pr. L: Sim, a gente enviava esses que foram recrutados na Convenções Batistas para nos ajudar no mundo muçulmano, e isso foi muito bom.

Pr. R: Nós somos muito gratos ao povo americano. Aprendemos com vocês a plantar igrejas, discipular, fazer missões. Então, muito obrigado por essa história. Eu estou certo de que os Estados Unidos hoje é uma nação abençoada porque um dia obedeceu a um mandamento de Deus. Agradeço a Deus pela sua vida, pelos missionários americanos que vieram muitos anos atrás nos trazendo o Evangelho, e sou muito grato a você também.

Pr. L: Obrigado. E eu quero dizer a todos os Batistas brasileiros o quanto eu amo e aprecio vocês. Eu queria que a Igreja que eu tenho na Georgia tivesse o mesmo entusiasmo que eu vejo entre os brasileiros batistas quando estão adorando. A forma como vocês se expressam, seu amor por Deus, a facilidade de pregar o Evangelho me encoraja muito. O meu pastor foi missionário aqui no Brasil, ele foi instruído no seminário de São Paulo. Então, o próprio pastor é fruto do trabalho batista brasileiro. Por isso, eu gostaria de dizer, muito obrigado a todos vocês.

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